Dizem, sábiamente, que a nossa linguagem não verbal por vezes diz muito mais que as nossas palavras (tão inutilmente utilizadas, por vezes). E de todas as formas e maneiras de nos expressarmos visualmente e corporalmente, a minha preferida é sem dúvida uma boa salva de palmas, isto é, o aplauso. E um aplauso bem analisado tem muito que se lhe diga. Por isso mesmo é importante ir buscar-lhe as raizes: de acordo com uma das teorias mais bizarras, o aplauso teria surgido entre os homens das cavernas como forma de comemorar caçadas bem-sucedidas. A princípio, os nossos antepassados celebrariam o banquete dando cabeçadas uns nos outros, até que, finalmente, alguma alminha iluminada, cansada dos galos na cabeça, sugeriu a troca da dolorosa celebração. A versão mais plausível, contudo, aponta que o surgimento do aplauso, ocorrido há cerca de 3 mil anos, teria conotação religiosa, ou seja, seria o instrumento usado por membros de tribos pagãs para chamar a atenção dos deuses nos rituais. Mais tarde, na Grécia antiga, a plateia de espetáculos teatrais passou a usar as palmas para invocar os espíritos protetores das artes. Já no Império Romano, o gesto começou a ser utilizado também como sinal de aprovação a autoridades que faziam aparições públicas. Por volta do século XVIII, os franceses inventaram a claque teatral: grupo de pessoas previamente contratadas por um artista espertalhão para aplaudir o seu espectáculo. Mas nem sempre um aplauso é sinônimo de elogio. Com o tempo, as palmas ganharam significados bem variados. E agora vem a parte mais interessante disto tudo. Bater palmas lenta e sincronizadamente: é um sinal irônico para mostrar a desaprovação ao espectáculo. Bater palmas de forma crescente: é a maneira de “avisar” um artista atrasadíssimo que está mais do que na hora de começar o concerto (e quem nunca passou por isto.. que maravilha!). Bater os dedos de uma mão contra a palma da outra: é outra forma sarcástica de aplauso. Estalar o polegar e o dedo médio: em ambientes refinados (muito LOL) é considerado um modo mais elegante de aplaudir (e eu até descobri há pouco tempo, enquanto via na eurosport aqueles fantásticos tornerio de snoker, e apenas como passagem para o inicio da transmissão de Roland Garros, que os espectadores andavam todos aos estalinhos...até ter uma conversa séria com o meu irmão, continuei a acreditar que eles estavam a afastar abelhas! Amei saber!).
Não deve ter sido a primeira vez que bati palmas na vida, até porque ja tinha os meus 6 aninhos na altura, mas ficou-me bem viva e gravada a memória de quano bati palmas de "alegria" (e de forma consciente) pela primeira vez: tinha entrado um menino novo para a nossa turma, e bastou atravessar a porta grande e branca que dividia o corredor da sala de aulas, para receber o maior dos aplausos. O meu foi sentido e de alegria. E tinha eu 6 aninhos...
P.Saywer*
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