sexta-feira, 29 de maio de 2009

Fome


Ter fome é inacreditável. Para além das reacções orgânicas e biológicas que provoca a fome por todo o nosso corpo (especial enfoque para a desgraçada da barriguinha que farta-se de fazer barulho a pedir socorro) também é de louvar a fascinante resistência do ser humano para enganá-la. É por isso q a nossa cabecinha é muito mais poderosa do que, aquele que dizem ser o orgão que nos matem vivos, o nosso coração. Tudo tretas! A informação do suposto "ter fome" chega a onde? À cabecinha. E se não comermos o que é que acontece mais cedo ou mais tarde? Caput! E outra coisa gira é o facto de toda a gente, malta que tem a mania que morre por amor e que é muito apaixonada, dizerem que o senhor coração comanda as hostes dos sentimentos, da paixão e do encantamento pelo outro. Está tudo na nossa cabecinha, e por mais irracional que se seja, continua a ser a cabeça a controlar todos os movimentos, todos os comportamentos e todos os sentimentos. A imagem do "coração" alicerçada ao sentimento é meramente figurativa, até porque convenhamos, um coração "verdadeiro" é tudo menos bonito, palpitante e cintilante e com formas perfeitas e regulares (que pessoa racional e calculista.. uhhh, que medo!). Mantem-nos vivos, é importantíssimos para que o sangue seja bem bombeado pelo corpinho todo, mas as informações importantes de "ajuda" vão todas ter ao cérebro. "Cabecinha para que te quero...!" (adoro esta expressão, esta adoro mesmo!). Comer é essêncial para que tudo funcione à maneira aqui com o nosso cabide humano, e ter fome e não comer é exactamente a mesma coisa que ver One tree Hill e não ter Lucas nem Peyton (amiguinha brasileira, creio que vamos ter más noticias para a season 7, querem mandar embora o Lucas e se o Lucas for embora, a Peyton também não continua na série). Aqui em Portugal nunca passou esta série, mas adianto que para quem adorou O.C., One Tree Hill é de devorar 5 episódios por dia, seguidinhos. Tudo tem um fim, e esta série não é excepção. Odeio mudanças, odeio ter de me habituar a coisas novas e rotinas novas e a deixar de ter aquela "coisinha certa" que me alimenta um sorriso enorme sempre que ligo o leitor de DVD's portátil. Portanto, é favor começarem imediatamente a gravar os novos episódios da season 7. Também temos os nossos direitos e exigimos OTH de volta com urgência, certo, Carolina? E se tivessemos 2 aninhos, o mais provável seria dizer que a nossa cabecinha é uma espécie de Fada Sininho que anda sempre de um lado po outro a chamar-nos atenção das mil e uma coisas que vão aparecendo e que, por vezes, tão subtilmente vamos tentando dar a volta (como é o caso da fome). E a fome também nos deixa num estado tal, que de repente até passamos a gostar e a desejar comer coisas que nem gostamos... e é isso que eu adoro na fome, o poder de ilusão e da alucinação constante por comida. Às páginas tantas damos por nós a imaginar um banquete divinal, cheio de cores, bolachas de manteiga, palitinhos de chocolate, bolinhos de areia, goffres, frutas, sobremesas, sim... muitas sobremesas! Creio ainda não ter mencionado que estou esfomeada neste preciso momento... estou mesmo.

P.Sawyer*

1 comentário:

  1. "O poeta é um fingidor
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve
    Mas só a que eles não têm

    É assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração"

    (Fernando Pessoa)

    E quão bem finges tu.
    E esse fingimento, irrita-me.

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